A cirurgia é a forma mais antiga de
tratamento do câncer. Aproximadamente 60% dos pacientes de câncer serão
submetidos à cirurgia isoladamente ou em combinação com outras terapias. Algumas das cirurgias mais comuns:
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Histerectomia - retirada do útero;
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Ooferectomia - retirada do ovário;
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Salpingectomia - retirada das trompas;
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Cirurgia de Wertheim-Meigs – histerectomia grau III;
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Vulvectomia - retirada parcial ou total da vulva (às vezes há retirada da rede
linfática inguinal);
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Colpectomia - remoção das paredes vaginais parcial ou total.
A
fisioterapia tem um papel fundamental nas cirurgias oncológicas pélvicas, com o
objetivo de preservar, manter ou recuperar a integridade
cinético-funcional de órgãos e sistemas, assim como prevenir os distúrbios
causados pelo tratamento oncológico buscando o bem estar e a qualidade de vida
da paciente oncológica. A reabilitação deve procurar atender às
necessidades específicas de cada paciente, com medidas que visem à restauração
anatômica e funcional, ao suporte físico e psicológico.
A fisioterapia no pós-operatório
pélvico, inicialmente,
divide-se em duas fases: fase imediata, quando se inicia do primeiro ao
décimo dia após a cirurgia; fase tardia, quando começa após esse
período. O ideal é o início imediato.
O que a Fisioterapia faz no pós-operatório imediato?
Os músculos, já muito contraídos e tensos desde antes da cirurgia pelo
estresse do diagnóstico, pela expectativa da cirurgia e do tratamento
pós-operatório, ficam ainda mais tensos pela dor da cirurgia e pelo medo de
movimentar e de “abrir os pontos” da operação. A dor, com este aumento de
tensão muscular, também aumenta. Para a paciente, parece impossível realizar
qualquer movimento. No entanto, para superar esse problema é preciso quebrar o
ciclo vicioso: medo – tensão – dor.
Todas as pacientes submetidos à cirurgia de câncer devem iniciar com exercícios
respiratórios. Os exercícios respiratórios, além de aumentar a
capacidade pulmonar, acalmam, diminuem a ansiedade e a dor e ajudam no
relaxamento muscular. Com isso, preparam os músculos e a paciente para a
realização dos outros exercícios. Para a diminuição da dor e da tensão
muscular, também existem outros meios que o fisioterapeuta pode utilizar: toques
suaves e movimentos de massagem nas regiões contraturadas (tensas) e a aplicação
de TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea), esta aplicação utiliza um
aparelho que emite pulsações elétricas que relaxam e produzem analgesia.
Após os exercícios respiratórios e o relaxamento, a paciente deve iniciar
os exercícios que vão recuperar os movimentos, também diminuir a dor e levá-la
a retomar suas atividades normais mais rapidamente. O fisioterapeuta
especializado aplica técnicas que podem facilitar os movimentos.
Na fase do pós-operatório imediato, a cicatrização ainda está se processando
e os movimentos não devem esticar muito a pele da cicatriz cirúrgica, para não
retardar o processo ou mesmo provocar complicações locais. É por essa razão que
a paciente deve estar com a supervisão e orientação do fisioterapeuta.
Outro agravamento é a retirada dos linfonodos nas cirurgias oncológicas,
além de diminuir a defesa, altera a circulação da linfa (líquido que circula em
vasos linfáticos e é filtrada pelos linfonodos) no local. Com essa retirada, a
passagem desse líquido fica mais difícil, lenta e ela pode começar a se
acumular: a região vai se tornando mais inchada e pode se instalar o linfedema
(edema crônico). Para evitar que isso ocorra pode ser realizada a drenagem
linfática manual.
Quais são os objetivos na fase tardia?
Tratar a dor
pélvica crônica;
Quebra de aderências causadas por fibrose na região da
cirurgia dando maior mobilidade ao tecido envolvido nessa região;
Melhorar o
reequilíbrio das funções das estruturas pélvicas como musculaturas, ligamentos,
articulações e todos os outros tecidos e órgão ligados diretamente a essa
região;
Fortalecimento dos músculos chaves, especificamente, caso necessário.
Exemplo: Iliopssoas, os glúteos, o quadríceps e os ísquios além da musculatura
que forma o assoalho pélvico (MAP) e facilitar as atividades de vida diária
(AVD’S); e
Proporcionar melhor qualidade de vida.
Que recursos a Fisioterapia pode utilizar?
Eletroterapia para o tratamento da dor crônica e estimulação da musculatura do local, assim como outros recursos de termoterapia; a cinesioterapia; RPG; Pillates; massoterapia; hidroterapia; técnicas de drenagem linfática; terapias com cones vaginais e etc. Com finalidade de preservar, manter ou recuperar a integridade cinético-funcional de órgãos e sistemas, assim como prevenir os distúrbios causados pelo tratamento oncológico buscando o bem estar e a qualidade de vida da paciente oncológica.
O tratamento de escolha deve ser sempre o menos invasivo e danoso para a paciente. Porém sempre respeitar a indicações e contra indicações de cada intervenção fisioterapeutica e a preferência da paciente a elas, informando-o dos riscos, benefícios e resultados.
Não se pode deixar de ressaltar que a melhor intervenção nesses casos é atuação multiprofissional que enquadra a presença incontestável do médico especialista, do psicólogo e fisioterapeuta; podendo contar ainda com o auxílio dos profissionais de educação física e nutricionista.
Colaboradores: Aline Ribeiro Menezes, Assis Júnior Cardoso Pantoja, Maiara Silvana Salgado Batista e Rafaela dos Santos Reis, acadêmicos do 4o. ano de Graduação em Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará
FONTES:
CAMARGO, M. C., MARX, A. G. Fisioterapia e Câncer.
Capítulo do livro temas em Psico-Oncologia, vários autores,
vários organizadores. São Paulo: Summus, 2008.
Oncologia ginecologia. Disponível
em: < http://www.oncologiaginecologica.com.br/docs.php?id=36> aceso dia
08/maio/2012.