segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Cuidados em Câncer Terminal



    A Medicina paliativa, já reconhecida como especialidade em alguns países, visa a tratar pacientes com doença ativa e prognóstico reservado desviando o foco de suas atenções da cura para a qualidade de vida. A assistência a pacientes com câncer avançado, que não encontram resposta curativa com os tratamentos tradicionais, iniciou o caminho da especialização há cerca de 40 anos. Para a Organização Mundial da Saúde, Cuidado Paliativo é: “O cuidado total e ativo de pacientes cuja doença não é mais responsiva ao tratamento curativo. São da maior importância: o controle da dor e outros sintomas, como também os psicológicos, espirituais e sociais”.
   O tratamento paliativo deve ser instituído desde o diagnóstico e durante todo o curso da doença, visando a dar maior conforto ao paciente, cura e melhor qualidade de vida.Pacientes com doença avançada se deparam com muitas perdas; perda da normalidade, da saúde, de potencial de futuro. A dor impõe limitações no estilo de vida, particularmente na mobilidade, paciência, resignação, podendo ser interpretada como um “saldo” da doença que progride. 
   Este conceito de Dor Total mostra a importância de todas essas dimensões do sofrimento humano e o bom alívio da dor não é alcançado, sem dar atenção a essas áreas. Na experiência dolorosa, os aspectos sensitivos, emocionais e culturais são indissociáveis e devem ser igualmente investigados.
   A dor sentida pelo paciente pode ter como causa:
• próprio câncer (causa mais comum)- 46% a 92%:
- invasão óssea tumoral;
-  invasão tumoral visceral;
-  invasão tumoral do sistema nervoso periférico;
-  extensão direta às partes moles;
-  aumento da pressão intracraniana.
• relacionada ao câncer-12% a 29%:
- espasmo muscular;
- linfedema;
- escaras de decúbito;
- constipação intestinal, entre outras.
• associada ao tratamento antitumoral-5% a 20%:
- pós - operatória: dor aguda, pós - toracotomia, pós - mastectomia, pós-esvaziamento cervical, pós-amputação (dor fantasma);
- pós-quimioterapia: mucosite, neuropatia periférica, nevralgia pós-herpética, espasmos vesicais, necrose da cabeça do fêmur, pseudo-reumatismo (corticoterapia);
- pós - radioterapia: mucosite, esofagite, retite actínica, radiodermite, mielopatia actínica, fibrose actínica de plexo braquial e lombar.
• desordens concomitantes-8% a 22%:
- osteoartrite;
- espondiloartose, entre outras.
   Muitos pacientes com câncer avançado sofrem de mais de um tipo de dor e o tratamento adequado vai depender da identificação de sua origem.
   Os Cuidados Paliativos adotam uma abordagem humanista e integrada para o tratamento de pacientes sem possibilidade de cura, reduzindo os sintomas e aumentando a qualidade de vida. Para isto necessita-se de uma equipe multiprofissional apta a compreender todas as necessidades físicas, psicológicas e espirituais presentes.
   Os Cuidados Paliativos implicam uma visão holística, que considera não somente a dimensão física, mas também as preocupações psicológicas, sociais e espirituais dos pacientes. Para estes casos o problema não é somente de diagnóstico e de prognóstico, mas é necessário que o profissional e o paciente revejam e estabeleçam suas próprias definições de vida e morte. Sendo que a impossibilidade de cura não significa a deterioração da relação profissional-paciente, mas sim o estreitamento desta relação que certamente pode trazer benefícios para ambos os lados. Por vezes é necessário ver o paciente como ser ativo no seu tratamento podendo participar dos processos de decisão e dos cuidados voltados para si. 
   A reabilitação é parte integrante dos Cuidados Paliativos porque muitos pacientes terminais são restringidos desnecessariamente até mesmo pelos familiares, quando na verdade são capazes de realizar atividades e ter independência. A reinserção do paciente em suas atividades de vida diária restaura o senso de dignidade e auto - estima.  A fisioterapia contribui efetivamente na retomada de atividades da vida diária destes pacientes, direcionando-os a novos objetivos.
    Dentre as intervenções fisioterapêuticas para a dor a eletroterapia traz resultados rápidos, no entanto traz alívio variável entre os pacientes. As técnicas de relaxamento estão bem envolvidas na prática fisioterapêutica, podendo ser proveitoso o trabalho conjunto com o psicólogo, psiquiatra e o educador físico. Dentre as diversas técnicas cita-se como exemplo as técnicas de terapias manuais, o watsu, o yoga, o relaxamento induzido, o tai -chi - chuan e exercícios físicos.


 Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde.  Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle da dor. RJ - I N C A, 2001.
  Colaboração: Turma de Fisioterapia 2008 - UEPA Campus XII Santarém

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