A Medicina paliativa, já reconhecida como
especialidade em alguns países, visa a tratar pacientes com doença ativa e
prognóstico reservado desviando o foco de suas atenções da cura para a
qualidade de vida. A assistência a pacientes com câncer avançado,
que não encontram resposta curativa com os tratamentos tradicionais, iniciou o
caminho da especialização há cerca de 40 anos. Para a Organização Mundial da
Saúde, Cuidado Paliativo é: “O cuidado total e ativo de pacientes cuja doença
não é mais responsiva ao tratamento curativo. São da maior importância: o
controle da dor e outros sintomas, como também os psicológicos, espirituais e
sociais”.
O tratamento paliativo deve ser instituído desde o
diagnóstico e durante todo o curso da doença, visando a dar maior conforto ao
paciente, cura e melhor qualidade de vida.Pacientes com doença avançada se deparam com muitas
perdas; perda da normalidade, da saúde, de potencial de futuro. A dor impõe
limitações no estilo de vida, particularmente na mobilidade, paciência,
resignação, podendo ser interpretada como um “saldo” da doença que progride.
Este
conceito de Dor Total mostra a importância de todas essas dimensões do
sofrimento humano e o bom alívio da dor não é alcançado, sem dar atenção a essas
áreas. Na experiência dolorosa, os aspectos sensitivos, emocionais e culturais
são indissociáveis e devem ser igualmente investigados.
A dor sentida pelo paciente pode ter como causa:
• próprio câncer (causa mais comum)- 46% a 92%:
- invasão óssea tumoral;
- invasão
tumoral visceral;
- invasão
tumoral do sistema nervoso periférico;
- extensão
direta às partes moles;
- aumento da
pressão intracraniana.
• relacionada ao câncer-12% a 29%:
- espasmo muscular;
- linfedema;
- escaras de decúbito;
- constipação intestinal, entre outras.
• associada ao tratamento antitumoral-5% a 20%:
- pós - operatória: dor aguda, pós - toracotomia, pós
- mastectomia, pós-esvaziamento cervical, pós-amputação (dor fantasma);
- pós-quimioterapia: mucosite, neuropatia
periférica, nevralgia pós-herpética, espasmos vesicais, necrose da cabeça do
fêmur, pseudo-reumatismo (corticoterapia);
- pós - radioterapia: mucosite, esofagite, retite
actínica, radiodermite, mielopatia actínica, fibrose actínica de plexo braquial
e lombar.
• desordens concomitantes-8% a 22%:
- osteoartrite;
- espondiloartose, entre outras.
Muitos pacientes com câncer avançado sofrem de mais
de um tipo de dor e o tratamento adequado vai depender da identificação de sua
origem.
Os Cuidados Paliativos adotam uma abordagem
humanista e integrada para o tratamento de pacientes sem possibilidade de cura,
reduzindo os sintomas e aumentando a qualidade de vida. Para isto necessita-se
de uma equipe multiprofissional apta a compreender todas as necessidades
físicas, psicológicas e espirituais presentes.
Os Cuidados Paliativos implicam uma visão holística,
que considera não somente a dimensão física, mas também as preocupações
psicológicas, sociais e espirituais dos pacientes. Para estes casos o problema
não é somente de diagnóstico e de prognóstico, mas é necessário que o
profissional e o paciente revejam e estabeleçam suas próprias definições de
vida e morte. Sendo que a impossibilidade de cura não significa a deterioração
da relação profissional-paciente, mas sim o estreitamento desta relação que
certamente pode trazer benefícios para ambos os lados. Por vezes é necessário
ver o paciente como ser ativo no seu tratamento podendo participar dos
processos de decisão e dos cuidados voltados para si.
A reabilitação é parte
integrante dos Cuidados Paliativos porque muitos pacientes terminais são restringidos
desnecessariamente até mesmo pelos familiares, quando na verdade são capazes de
realizar atividades e ter independência. A reinserção do paciente em suas
atividades de vida diária restaura o senso de dignidade e auto - estima. A fisioterapia contribui efetivamente na
retomada de atividades da vida diária destes pacientes, direcionando-os a novos
objetivos.
Dentre as intervenções fisioterapêuticas para a dor
a eletroterapia traz resultados rápidos, no entanto traz alívio variável entre
os pacientes. As técnicas de relaxamento estão bem envolvidas na prática
fisioterapêutica, podendo ser proveitoso o trabalho conjunto com o psicólogo,
psiquiatra e o educador físico. Dentre as diversas técnicas cita-se como
exemplo as técnicas de terapias manuais, o watsu, o yoga, o relaxamento
induzido, o tai -chi - chuan e exercícios físicos.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados paliativos oncológicos: controle
da dor. RJ - I N C A, 2001.
Colaboração: Turma de Fisioterapia 2008 - UEPA Campus XII Santarém