terça-feira, 22 de maio de 2012

Fisioterapia no tratamento do câncer na pelve

      A cirurgia é a forma mais antiga de tratamento do câncer. Aproximadamente 60% dos pacientes de câncer serão submetidos à cirurgia isoladamente ou em combinação com outras terapias. Algumas das cirurgias mais comuns:

      ·         Histerectomia - retirada do útero;
      ·         Ooferectomia - retirada do ovário;
      ·         Salpingectomia - retirada das trompas;
      ·         Cirurgia de Wertheim-Meigs – histerectomia grau III;
      ·         Vulvectomia - retirada parcial ou total da vulva (às vezes há retirada da rede linfática inguinal);
      ·         Colpectomia - remoção das paredes vaginais parcial ou total.

      A fisioterapia tem um papel fundamental nas cirurgias oncológicas pélvicas, com o objetivo de preservar, manter ou recuperar a integridade cinético-funcional de órgãos e sistemas, assim como prevenir os distúrbios causados pelo tratamento oncológico buscando o bem estar e a qualidade de vida da paciente oncológica. A reabilitação deve procurar atender às necessidades específicas de cada paciente, com medidas que visem à restauração anatômica e funcional, ao suporte físico e psicológico.

      A fisioterapia no pós-operatório pélvico, inicialmente, divide-se em duas fases: fase imediata, quando se inicia do primeiro ao décimo dia após a cirurgia; fase tardia, quando começa após esse período. O ideal é o início imediato.
      O que a Fisioterapia faz no pós-operatório imediato?


     Os músculos, já muito contraídos e tensos desde antes da cirurgia pelo estresse do diagnóstico, pela expectativa da cirurgia e do tratamento pós-operatório, ficam ainda mais tensos pela dor da cirurgia e pelo medo de movimentar e de “abrir os pontos” da operação. A dor, com este aumento de tensão muscular, também aumenta. Para a paciente, parece impossível realizar qualquer movimento. No entanto, para superar esse problema é preciso quebrar o ciclo vicioso: medo – tensão – dor.
 
      Todas as pacientes submetidos à cirurgia de câncer devem iniciar com exercícios respiratórios. Os exercícios respiratórios, além de aumentar a capacidade pulmonar, acalmam, diminuem a ansiedade e a dor e ajudam no relaxamento muscular. Com isso, preparam os músculos e a paciente para a realização dos outros exercícios. Para a diminuição da dor e da tensão muscular, também existem outros meios que o fisioterapeuta pode utilizar: toques suaves e movimentos de massagem nas regiões contraturadas (tensas) e a aplicação de TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea), esta aplicação utiliza um aparelho que emite pulsações elétricas que relaxam e produzem analgesia.

      Após os exercícios respiratórios e o relaxamento, a paciente deve iniciar os exercícios que vão recuperar os movimentos, também diminuir a dor e levá-la a retomar suas atividades normais mais rapidamente. O fisioterapeuta especializado aplica técnicas que podem facilitar os movimentos.

      Na fase do pós-operatório imediato, a cicatrização ainda está se processando e os movimentos não devem esticar muito a pele da cicatriz cirúrgica, para não retardar o processo ou mesmo provocar complicações locais. É por essa razão que a paciente deve estar com a supervisão e orientação do fisioterapeuta.

      Outro agravamento é a retirada dos linfonodos nas cirurgias oncológicas, além de diminuir a defesa, altera a circulação da linfa (líquido que circula em vasos linfáticos e é filtrada pelos linfonodos) no local. Com essa retirada, a passagem desse líquido fica mais difícil, lenta e ela pode começar a se acumular: a região vai se tornando mais inchada e pode se instalar o linfedema (edema crônico). Para evitar que isso ocorra pode ser realizada a drenagem linfática manual.
      Quais são os objetivos na fase tardia?
  • Tratar a dor pélvica crônica;
  • Quebra de aderências causadas por fibrose na região da cirurgia dando maior mobilidade ao tecido envolvido nessa região;
  • Melhorar o reequilíbrio das funções das estruturas pélvicas como musculaturas, ligamentos, articulações e todos os outros tecidos e órgão ligados diretamente a essa região;
  • Fortalecimento dos músculos chaves, especificamente, caso necessário. Exemplo: Iliopssoas, os glúteos, o quadríceps e os ísquios além da musculatura que forma o assoalho pélvico (MAP) e facilitar as atividades de vida diária (AVD’S); e
  • Proporcionar melhor qualidade de vida.
       Que recursos a Fisioterapia pode utilizar?


       Eletroterapia para o tratamento da dor crônica e estimulação da musculatura do local, assim como outros recursos de termoterapia; a cinesioterapia; RPG; Pillates; massoterapia; hidroterapia; técnicas de drenagem linfática; terapias com cones vaginais e etc. Com finalidade de preservar, manter ou recuperar a integridade cinético-funcional de órgãos e sistemas, assim como prevenir os distúrbios causados pelo tratamento oncológico buscando o bem estar e a qualidade de vida da paciente oncológica.

       O tratamento de escolha deve ser sempre o menos invasivo e danoso para a paciente. Porém sempre respeitar a indicações e contra indicações de cada intervenção fisioterapeutica e a preferência da paciente a elas, informando-o dos riscos, benefícios e resultados.

       Não se pode deixar de ressaltar que a melhor intervenção nesses casos é atuação multiprofissional que enquadra a presença incontestável do médico especialista, do psicólogo e fisioterapeuta; podendo contar ainda com o auxílio dos profissionais de educação física e nutricionista.

      
Colaboradores: Aline Ribeiro Menezes, Assis Júnior Cardoso Pantoja, Maiara Silvana Salgado Batista e Rafaela dos Santos Reis, acadêmicos do 4o. ano de Graduação em Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará
FONTES:
CAMARGO, M. C., MARX, A. G. Fisioterapia e Câncer. Capítulo do livro temas em Psico-Oncologia, vários autores, vários organizadores. São Paulo: Summus, 2008.
Oncologia ginecologia. Disponível em: < http://www.oncologiaginecologica.com.br/docs.php?id=36> aceso dia 08/maio/2012.
Instituto Nacional do Câncer. Disponivel em: <http://www.inca.gov.br


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